Quando falamos de autoconhecimento estamos sempre falando de consciência, mas afinal o que exatamente é a consciência?
O estudo da consciência sempre foi polêmico. Atualmente temos várias teorias em diversas áreas que tentam explicar a consciência. A neurofisiologia, psicologia, física, a biologia e medicina são algumas áreas que estudam este fenômeno e tentam descobrir exatamente o que é e como ela surge.
No começo da filosofia grega a consciência era vista como a alma, e esta era um tipo de material. Platão e Aristóteles a consideravam como algo imaterial, presumindo que esta também interagia com o corpo. Hipócrates propõe a noção de dualismo, assim o cérebro seria o interprete da consciência e esta comandava os movimentos do corpo. Descartes foi o primeiro a propor uma maneira na qual esta alma não material poderia interagir com um cérebro material, essa conexão seria através da glândula pineal, uma glândula que fica no cérebro e que hoje sabemos que é composta por pequenos cristais de um mineral chamado apatita, alguns pesquisadores inclusive afirmam que esta glândula capta ondas eletromagnéticas, sendo responsável por fenômenos ligados à intuição.
Consciência é uma palavra que vem do latim – contientia – derivada das raízes com e scio, ou seja, “com” e “eu sei”. Portanto em sentido literal seria algo como: “saber com”.
Existe uma teoria que diz que a consciência seria apenas uma conseqüência da atividade cerebral, porém desta forma nós seríamos como computadores, nada além disso. Um computador faz aquilo que foi programado pra fazer, sabemos que alguns fenômenos, como por exemplo, a criatividade, impedem que sejamos simplesmente máquinas. Um computador não cria, ele pode no máximo misturar informações com um critério especificamente programado, além do que nenhum sistema é capaz de ter consciência de sua própria existência, por isso não somos computadores somos muito mais que isso, então temos que agir como tal.
A consciência é a nossa essência enquanto seres humanos, é através dela que percebemos o mundo, que criamos e que nos sentimos vivos, hoje sabemos através de alguns experimentos que a consciência ultrapassa a barreira do individuo, é algo ligado ao todo de uma maneira intrínseca. Podemos perceber em nós coisas desta totalidade, meditar é um bom meio de vivenciar isto, pois no fundo a consciência (você) é algo muito além do individual. Com os avanços da Física descobrimos que a consciência pode ser algo mais fundamental do que a própria matéria.
Física Quântica e Consciência.
Vamos explorar (só a ponta do iceberg) um assunto um pouco mais profundo e complexo. A Consciência e a Física Quântica
Bem, você pode tranquilamente estar se perguntando qual a relação entre Física e Consciência. É quase instintivo pensar em Física como algo ligado exclusivamente à matéria e a Consciência como algo abstrato ligado à mente, e essas duas, graças a Descartes, são pensadas em um dualismo.
A questão é que essas duas coisas estão mais intrinsecamente relacionadas do que normalmente se pensa.
Bem, indo diretamente ao ponto relacionado à consciência, que é o foco desse texto, vamos falar sobre um experimento feito por Young em 1800 repetido depois com partículas quânticas, o experimento das duas fendas.
Nesse experimento as ondas passam através de dois furos em uma placa, e a partir disso uma onda interfere na outra. Esse padrão é chamado de padrão de interferência representado pelos pontos pretos no desenho.
Quando fazemos isso com partículas quânticas, (pense nisso como bolinhas minúsculas menores que o átomo) a mesma coisa acontece, como se essas partículas fossem ondas, elas interagem entre si e formam o mesmo padrão de interferência. Se jogarmos uma bolinha dessas por vez, a bolinha passa pelos furos e ao longo do tempo, juntando os resultados o padrão de onda aparece da mesma forma, o que é no mínimo muito estranho.
O que acontece na verdade é o seguinte:
A partícula é lançada, essa partícula pode passar por qualquer uma das duas fendas, então como uma onda ela passa pelas duas ao mesmo tempo, interage com ela mesma e cria um padrão de interferência. Se colocarmos algo em A e B para observar em qual fenda a partícula passou ela muda, ela escolhe uma das fendas e não forma padrão de interferência nenhum. Estranho não?
O simples fato de observar o fenômeno faz com que a partícula quântica mude de onda (probabilidade) para partícula manifesta (matéria). As implicações desse experimento, bem como de muitos outros, mostrou que a consciência tem um papel ativo dentro da constituição do que chamamos realidade. Vale ressaltar também que as partículas quânticas interagem entre si além do espaço e do tempo. Nesse aspecto podemos entender porque a consciência é mais fundamental do que a própria matéria e que tudo está intrinsecamente interligado.
Para quem quiser se aprofundar mais recomendo alguns livros e textos:
- O caso da realidade objetiva desaparecida, Adam F. Newman (disponível em: www.simposio2008.hoisel.com.br/segunda5.rtf)
- O universo Autoconsciente, Amit Goswami
- O Manifesto da transdisciplinaridade, Basarab Nicolescu
Caio Fábio S. Portella – Naturólogo